A criatividade do brasileiro é histórica. E esta não é utilizada apenas no jeitinho, que tira vantagem, passa por cima do outro etc. Tal inventividade é também uma forma de conviver com as disparidades sociais do nosso país.
Esta qualidade tão nossa se expressa ainda na cultura, seja folclórica, musical, teatral etc. Na língua isso aparece com os famosos neologismos.
Em artigo da Revista Língua Luis Costa Pereira Júnior, destaca a entrada no mercado do livro: Pequeno Dicionário Ilustrado de Palavras Invenetas de Marcílio Godoi (arquiteto, designer e jornalista). O autor justifica sua obra dizendo que as pessoas precisam se divertir, brincar com a língua.
Luis Castro coloca que segundo a professora Nelly Carvalho há dois tipos elementares de neologismos: os formais (não dicionarizados) e o semânticos (que dão novos sentidos a palavras já existentes). A professora cita os exemplos: mordomia (anos 70) e azarar (anos 80), ambos semânticos. Alguns neologismos viram testemunhos de uma época: guilhotina, míssil, nazismo, comunismo.
Em geral representam uma tentativa de introduzir novas palavras ao idioma, com o objetivo de tapar um vazio (Guimarães Rosa).
Mas como historiadores é interessante observar a transformação da língua, em forma de neologismos construídos para se nomear uma invenção, uma expressão etc, contaminados pelas suas realidades sociais, econômicas e políticas.
NEOLOGISMOS DO SÉCULO: uma linha do tempo com algumas palavras criadas ao londo de cem anos e que entraram para a linguagem cotidiana
ANOS 1900 - Abandear, adomingar, esteta, joão-ninguém
ANOS 20 - Televisão, seringalista (dono de seringais)
1930 - Negritude
ANOS 40 - Fanzine, míssil, genocídio
ANOS 50 - Primeiro Mundo, Terceiro Mundo (criado pelo economista Alfred Sauvy (1898-1991)), nhenhennhém (ramerrão), bossa-nova
ANOS 60 - Butique, posseiro, dedetizar
1961 - Acessar (Informação), trumbicar
ANOS 70 - Biônico, microrranhuras, baquelite, executivo, circuito integrado, achismo, apagão, intifada, maracutaia, metroviário
ANOS 80 - Videocassete, petrodólar, ilha enérgica, abertura política
ANOS 90 - Imexível, coopetição, metrossexual
ANOS 2000 - mensalão, blogueiro
CRIADORES DE PALAVRAS: uma mostra dos termos inventados por grandes escritores
Millôr Fernandes - Saite, cartomente, uísque, abdhomem (barriga máscula)
Camões - Estupendo, indômito, inopinado, ebúrneo, lácteo, crepitante
Guimarães Rosa - Ufanático, bramosa, chuchurro, mirifácia, druxo, tutaméia
Visconde de Taunay - Necrotério
Drummond - Arkademia, chuvinhenta, coracional, inkhomunikhassão, não-domingo, pluvimedonha, repensamento, sobremarino, beija-flor, roupa-missa
Dias Gomes - Cachacista, apenasmente, desmiolamento, entretantos e finalmentes
Chico Science - Urubuservar
Rui Barbosa - Egolatria, perigalho (pelanca)
Fonte: PEREIRA Jr., L. C. As palavras invenetas. Revista Língua Portuguesa, São Paulo, ano III, n. 29, p. 18-22, mar.2008.
Grande Sueli,
ResponderExcluirparabéns a Contigo Histórica saiu, e saiu em grande estilo. Está bem apresentada e tem textos bem interessantes (este do Neologismo está bem legal). É isso aí. Beijos...
empreguet e patroet
ResponderExcluir